terça-feira, 18 de setembro de 2012

O olhar entre as paredes rabiscadas

No meio de tantas informações visuais que recebemos, alguma coisa se destaca sempre: O olhar do outro.

Na balada, no intervalo entre um flash e outro.
Na calçada, cruzando o caminho.
Na festa, pegando a mesma comidinha ou a mesma bebida.
Num lugar, estranho e diferente, entre paredes rabiscadas e pessoas diferentes.

E foi aí que eu entendi o sentido do olhar "Me add depois". Posso estar um tanto quanto equivocada, um tanto quanto chapada, um tanto quanto errada...Mas foi essa a sensação que eu tive. E por ser sensação, o valor disso aumenta, já que prezo muito o sentir. 

E foi simples assim: Senti que era o olhar do "me add depois". 

E adicionei.

domingo, 16 de setembro de 2012

A parte de mim

Digamos que o que será escrito agora seja a bolsa estourada da minha gestação.
Dores de parto. É isso que eu sinto. Contrações que me pegam em momentos que eu menos preciso.
Preciso parir logo, mas vamos por partes. E que comece com a bolsa estourada.

Hoje, 16 de setembro, domingo, São Paulo, Consolação. Eu fiquei ali vendo a luz do dia bater na fumaça do cigarro queimando, o meu único companheiro aquela hora. E voltei. Voltei no tempo e me perguntei de novo sobre o futuro. É meu defeito.

Esse ir e voltar são minhas contrações. Respirei e esqueci que há exato um ano você gritava numa festa que estava apaixonado por uma menina de dezoito anos.

Respirei e cheguei no hoje. Vazio como todos os domingos, porém ensolarado como a vida.
Procurei em pequenezes todas as distrações racionais e filosóficas. Tudo isso pra não lembrar do meu desconforto e poder fazer parte de mim.
E é isso...Fiz parte de mim.

Só me esqueci que carrego dentro de mim uma cria ingrata, que carreguei por 10 meses. O que me consola é que uma hora ou outra ela sai e, quando sai, a dor se vai.

E então eu volto a fazer parte completa de mim novamente.

sábado, 1 de setembro de 2012

Lobotomia

Saudade, falta de ar, choro no banho e vontade de ligar.
O romance que poderia ter sido e que não foi.
Chora, chora, chora.

Mandou chamar o amigo gay:
-Diga "ele não merece isso"
-Ele não merece isso...Ele não merece isso...Ele não merece isso.
-Beba.

-Gata, você tem um buraco de saudade no peito e uma lembrança aguçada.
-Então, não é possível tentar uma lobotomia?
-Não. A única coisa a fazer é beber uma garrafa de vodka.


(Minha versão do poema "Pneumotórax" de Manuel Bandeira)