Digamos que o que será escrito agora seja a bolsa estourada da minha gestação.
Dores de parto. É isso que eu sinto. Contrações que me pegam em momentos que eu menos preciso.
Preciso parir logo, mas vamos por partes. E que comece com a bolsa estourada.
Hoje, 16 de setembro, domingo, São Paulo, Consolação. Eu fiquei ali vendo a luz do dia bater na fumaça do cigarro queimando, o meu único companheiro aquela hora. E voltei. Voltei no tempo e me perguntei de novo sobre o futuro. É meu defeito.
Esse ir e voltar são minhas contrações. Respirei e esqueci que há exato um ano você gritava numa festa que estava apaixonado por uma menina de dezoito anos.
Respirei e cheguei no hoje. Vazio como todos os domingos, porém ensolarado como a vida.
Procurei em pequenezes todas as distrações racionais e filosóficas. Tudo isso pra não lembrar do meu desconforto e poder fazer parte de mim.
E é isso...Fiz parte de mim.
Só me esqueci que carrego dentro de mim uma cria ingrata, que carreguei por 10 meses. O que me consola é que uma hora ou outra ela sai e, quando sai, a dor se vai.
E então eu volto a fazer parte completa de mim novamente.