Acredito que os acontecimentos da vida sejam como moléculas em colisões sucessivas.
Talvez a vida seja um trem. Talvez a frase decorada de "A Origem" que meu irmão me falava antes de dormir seja certa.
Talvez realmente estejamos esperando um trem que nos levará para longe.
De qualquer forma, os devaneios no momento são tantos e tão confusos que me perco pra conseguir demonstrar a felicidade em conseguir minha primeira entrevista de estágio.
Há tanto eu espero algo da vida e há tempos não percebo que recebo tudo todos os dias.
Talvez meu jogo do contente só apareça quando eu sinto a movimentação do meu trem. Quando eu olho pela janela e resolvo reparar em todas as árvores que pelo caminho vão se sucedendo e então, mesmo perdendo pequenos detalhes do restante, vou me lembrar das árvores. E depois de um tempo, como de costume nas viagens, eu vou reparar em coisas menores e mais delicadas. Como as pedras e coisas do acostamento.
Meu mal é ter devaneios constantes. Talvez isso implique na criação de um mundo particular do qual algumas pessoas insistem em dizer que eu vivo.
E nesse mundo particular eu estou incrivelmente feliz. Feliz por ter conseguido minha primeira entrevista de estágio no primeiro semestre de um curso que a vida deu voltas pra fazer eu encontrar. Não necessariamente encontrar, mas aceitar que era a coisa certa.
O mesmo adjetivo certo que envolve o trem que nos levará pra longe.
E então eu penso: minha felicidade é distante ou é perto? é real ou é meu mundo? é o trem ou é a árvore?
Não sei. Mas sei que posso pular à bordo e posso pular no acostamento.